Café Vietnã: chuvas podem reduzir preços no Brasil

Chuvas no Vietnã impulsionam safra de café robusta para 30 milhões de sacas e podem reduzir preços globais, aliviando mercado brasileiro.

Café Vietnã: chuvas podem reduzir preços no Brasil

Safra robusta de 30 milhões de sacas promete aliviar mercado global

As fortes chuvas no Vietnã impulsionaram a safra de café robusta e podem reduzir preços globais próximos do menor nível em sete meses, trazendo alívio para o consumidor brasileiro1.

Chuvas turbinaram safra vietnamita em momento ideal

“O clima tem sido bastante favorável para os cafeeiros, com muita chuva nas últimas semanas”, afirmou Trinh Duc Minh, presidente da Associação de Café Buon Ma Thuot, em Dak Lak. A precipitação chegou no momento exato da frutificação, quando as plantas mais precisavam de água.

As chuvas em Dak Lak, maior província produtora, totalizaram 213,2 milímetros nos últimos 10 dias de maio, contra média histórica de 95,5 milímetros. Outras províncias do cinturão cafeeiro também registraram precipitações superiores aos anos anteriores.

Além disso, a água abundante reduziu custos de irrigação, permitindo que produtores investissem mais em fertilizantes. Consequentemente, a combinação de fatores climáticos e manejo adequado promete impulsionar significativamente a produtividade.

30 milhões de sacas podem aliviar mercado global

O Departamento de Agricultura dos EUA projeta que a produção robusta vietnamita crescerá 7% em 2025-26, atingindo 30 milhões de sacas. O volume representa o maior patamar em quatro anos para o maior produtor mundial dessa variedade.

As exportações também devem aumentar, com forte crescimento projetado para café torrado e solúvel destinado ao mercado asiático. A Associação de Café e Cacau do Vietnã divulgará relatório oficial sobre perspectivas da safra nesta sexta-feira (6).

Portanto, o aumento da oferta vietnamita pode pressionar os preços internacionais para baixo. O robusta é amplamente usado em blends comerciais e café solúvel, impactando diretamente o custo final ao consumidor.

Brasil ainda enfrenta alta de 80% no preço do café

Enquanto o Vietnã celebra boa safra, o Brasil vive cenário oposto com alta de 80,2% no preço do café nos 12 meses até abril. A variação representa o maior aumento desde a criação do Plano Real, segundo IBGE.

A safra brasileira 2025-26 deve cair 4,4% no total, com redução de 12,4% no arábica e crescimento de apenas 17,2% no robusta. O ano de bienalidade negativa e eventos climáticos adversos explicam a retração produtiva nacional.

Contudo, especialistas alertam que os preços elevados podem começar a inibir o consumo global2. A entrada da nova safra vietnamita e a aproximação da colheita brasileira devem exercer pressão de baixa nos próximos meses.

Impacto limitado no bolso do consumidor brasileiro

Apesar da boa safra vietnamita, o alívio nos preços brasileiros pode ser limitado no curto prazo. O café robusta representa apenas parte do consumo nacional, dominado pelo arábica de maior qualidade.

“Com esse quadro, fica difícil prever redução de preço no consumidor final do café no curto prazo”, apontou Márcio Ferreira, presidente do Cecafé. A perspectiva é que os preços permaneçam elevados até 2026.

Ademais, fatores como câmbio e custos logísticos também influenciam o preço final. A valorização do dólar encarece produtos exportáveis como o café, limitando benefícios de maior oferta global ao mercado interno.

Última atualização: 6 de junho de 2025

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