

Aos 96 Anos, Zé Lima Ensina o que Livros de Colorir Não Conseguem
Aos 96 anos, Zé Lima caminha pelo sertão cearense carregando feijão para a filha de 65 anos. Enquanto isso, jovens urbanos gastam R$ 30 em livros de colorir para encontrar paz. Dois mundos distintos revelam uma verdade universal: o autocuidado geracional transcende eras e tecnologias.
O Paradoxo do Cuidado na Era Digital
O Brasil lidera estatísticas preocupantes: 9 horas e 13 minutos diários na internet. O estresse crônico afeta 42% da população, com a Geração Z como a mais impactada. Paradoxalmente, a solução encontrada pelos jovens ecoa práticas ancestrais: o retorno ao manual, ao lento, ao afetivo.
Quando o Analógico Vira Terapia
Os livros de colorir da marca Bobbie Goods venderam 75 mil unidades em apenas quatro semanas no Brasil6. No TikTok, hashtags como #BobbieGoods acumulam milhões de visualizações, transformando colorir em ritual de autocuidado compartilhado.
“Elas devolvem a presença, a lentidão e o tato”, explica o movimento que abraça tricô, cerâmica e journaling como antídotos ao burnout digital. A Geração Z redescobre que bem-estar não precisa de notificação – precisa de presença.
O Afeto que Atravessa Gerações
A 800 quilômetros das livrarias paulistanas, Zé Lima representa outra dimensão do cuidado. Aos 96 anos, ele percorre estradas de terra para levar feijão à filha, ignorando protestos familiares sobre peso e exposição ao sol. “Acho que o amor de pai não tem idade”, reflete o neto, autor do vídeo viral.
O gesto simples revela camadas profundas: não se trata de necessidade financeira, mas de linguagem afetiva. O feijão carregado no bornó simboliza décadas de cuidado paternal que atravessam quase um século de vida.
Dois Mundos, Uma Mesma Essência
Aparentemente opostos, o fenômeno urbano dos livros de colorir e a tradição rural de Zé Lima compartilham elementos fundamentais. Ambos representam formas de autocuidado que priorizam o tempo presente sobre a velocidade digital.
Enquanto jovens urbanos pagam por oficinas de cerâmica para reconectar com o manual, Zé Lima mantém viva uma tradição de cuidado que nunca se desconectou do essencial. Ambos praticam, à sua maneira, o que especialistas definem como autocuidado: “reconhecer e atender suas próprias necessidades, tanto físicas quanto emocionais”.
A Sabedoria do Tempo Lento
O autocuidado espiritual, um dos pilares fundamentais do bem-estar, “abrange ações que oportunizam uma conexão com o nosso interior”. Zé Lima, sem teorias acadêmicas, pratica isso diariamente através do cuidado com a família. Sua caminhada pelo sertão é meditação em movimento.
Os jovens urbanos, por sua vez, buscam essa mesma conexão através de atividades manuais que “abrem espaço para esse senso único, cuidadoso e acolhedor”. Tricô, colorir e cultivar plantas funcionam como rituais de atenção plena em uma era de dispersão digital.
O Futuro do Cuidado Humano
O sucesso viral tanto dos livros de colorir quanto da história de Zé Lima revela uma sociedade sedenta de autenticidade. O autocuidado não é modismo, mas necessidade humana fundamental que se adapta aos tempos.
Enquanto o mercado editorial celebra crescimento de 15,84% impulsionado por livros de colorir, o interior brasileiro preserva formas ancestrais de cuidado que resistem à digitalização. Ambos os movimentos apontam para um futuro onde bem-estar combina inovação com tradição.
O legado de Zé Lima e a febre dos livros de colorir ensinam que autocuidado geracional não tem fórmula única. Pode ser um bornó de feijão ou um lápis de cor – o que importa é a intenção de cuidar e ser cuidado, conectando gerações através do afeto genuíno.
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