MS Intensifica Policiamento, Mas Criminalidade Persiste

MS bate recordes em apreensões com 90 toneladas de drogas e 4.756 prisões, mas homicídios crescem 42% em Campo Grande. Paradoxo da segurança pública.

MS Intensifica Policiamento, Mas Criminalidade Persiste

Paradoxo da segurança revela escalada do crime organizado apesar de recordes em apreensões

Mato Grosso do Sul vive um paradoxo na segurança pública. Enquanto as forças policiais batem recordes históricos de apreensões e prisões, a criminalidade demonstra escalada preocupante em diversas modalidades.

A Polícia Militar apreendeu 90 toneladas de drogas no primeiro semestre de 2025, realizou 4.756 prisões em flagrante e intensificou operações em 12% comparado ao ano anterior. Contudo, homicídios dolosos cresceram 42% em Campo Grande.

Números Recordes Contrastam com Realidade Urbana

A resposta policial atingiu patamares históricos. Foram apreendidas 476 armas de fogo e recuperados 679 veículos apenas nos primeiros seis meses de 2025.

Paralelamente, as operações policiais se intensificaram. Três Lagoas registrou 246 operações no primeiro semestre, superando as 220 de todo o ano anterior. Esse aumento reflete estratégia coordenada de combate ao crime organizado.

Ademais, a fronteira sul concentra esforços especiais. A Operação Fronteira MS resultou em apreensões de R$ 26 milhões em mercadorias ilegais e 44 veículos utilizados por organizações criminosas.

Criminalidade Demonstra Adaptação e Resistência

Especificamente, Campo Grande enfrenta contradições alarmantes. Enquanto crimes patrimoniais caíram 30,7% nos roubos urbanos, os homicídios dolosos saltaram de 50 para 71 casos entre janeiro e maio.

Consequentemente, a violência letal intensificou-se. Janeiro e março foram os meses mais violentos, com 43 vítimas cada. O total estadual atingiu 185 homicídios dolosos no período, igualando 2023.

Dessa forma, o crime organizado adaptou-se às pressões policiais, migrando para modalidades mais violentas e disputas territoriais acirradas.

Fronteira Permanece Como Epicentro Criminal

A faixa fronteiriça mantém-se como portal de entrada. As apreensões de drogas cresceram 151% no primeiro trimestre, totalizando 116,3 toneladas contra 46,2 toneladas em 2024.

Simultaneamente, organizações transnacionais expandiram operações. A suspeita de que “El Monstruo”, criminoso mais procurado do país, esteja escondido na região ilustra a magnitude do desafio.

Por outro lado, operações integradas demonstram eficácia. A Operação Beijo de Judas apreendeu 475 kg de cocaína, avaliada em R$ 25 milhões, e desarticulou célula com ligações nacionais.

Modalidades Criminais Revelam Padrões Específicos

Os dados estaduais mostram tendências mistas. Enquanto roubos urbanos caíram 21%, de 1.260 para 996 casos, a violência interpessoal escalou perigosamente.

Além disso, furtos de veículos recuaram 23,6%, passando de 1.444 para 1.103 ocorrências. Roubos seguidos de morte despencaram 66,7%, de 9 para 3 casos.

Contudo, a violência doméstica e crimes passionais mantêm-se em níveis preocupantes, com casos como o jovem baleado por cantar música e mortes após surtos psiquiátricos.

Tráfico de Drogas Impulsiona Escalada Violenta

A cocaína tornou-se motor da violência urbana. Das 7,6 toneladas apreendidas em 2025, significativa parcela circulava em Campo Grande, alimentando disputas entre facções.

Isto é, o mercado interno expandiu-se paralelamente ao trânsito internacional. Casos como o de Maurício da Silva Romero, que confessou três homicídios em 50 dias, exemplificam essa dinâmica.

Portanto, a estratégia policial precisa equilibrar repressão ao tráfico internacional com combate à violência urbana derivada.

Investimentos Tecnológicos Geram Resultados Parciais

A modernização das forças policiais produziu avanços concretos. O incremento de 70 novas viaturas para Campo Grande e reforço do policiamento aéreo contribuíram para recordes de apreensões.

Similarmente, a inteligência policial evoluiu. Operações como a que resultou na apreensão de 2,5 toneladas de maconha em Bela Vista demonstram capacidade investigativa aprimorada.

Diferentemente do passado, a integração entre forças federais e estaduais mostrou-se mais eficaz, como evidenciado nas operações conjuntas na fronteira.

Desafios Estruturais Persistem

A capacidade de adaptação do crime organizado supera, em certos aspectos, a resposta estatal. Enquanto uma rota é bloqueada, outras emergem rapidamente.

Em contrapartida, recursos limitados impedem cobertura integral do território. MS possui 1.517 km de fronteira, demandando presença policial constante.

Finalmente, a corrupção e infiltração em órgãos públicos, evidenciada em casos como o do filho de subprefeito com armamento pesado, compromete eficácia das ações.

Percepção Social e Impacto Psicológico

A população experimenta sensação contraditória. Crimes patrimoniais em queda geram alívio, mas homicídios crescentes intensificam insegurança.

Subsequentemente, a confiança nas instituições oscila conforme resultados. Operações bem-sucedidas são celebradas, mas crimes brutais geram desconfiança.

Ou seja, a comunicação pública precisa equilibrar transparência sobre desafios com reconhecimento dos avanços conquistados.

Cenários Futuros e Estratégias Necessárias

O segundo semestre de 2025 será decisivo. A manutenção dos níveis de apreensão combinada com redução da violência letal determinará sucesso das políticas implementadas.

Primeiramente, a expansão territorial das operações para regiões leste e norte do estado pode dispersar pressão sobre áreas tradicionais.

Posteriormente, investimentos em prevenção e programas sociais mostram-se fundamentais para abordar causas estruturais da criminalidade.

Assim sendo, a integração com poderes Judiciário e Executivo na implementação de políticas públicas abrangentes é essencial para sustentabilidade dos resultados.

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