Unidades tecnológicas no pasto: CE tem 494, MS lidera em ILPF

Ceará tem 494 unidades tecnológicas de forrageiras; MS lidera Brasil com 3,6 mi ha em ILPF. Compare modelos e veja impacto na produtividade.

Unidades tecnológicas no pasto: CE tem 494, MS lidera em ILPF

Ceará amplia vitrines de forrageiras; MS já possui 3,6 milhões de hectares em integração

O Ceará encerra 2025 com 494 Unidades Disseminadoras de Tecnologia em forrageiras implantadas em propriedades rurais. Enquanto isso, Mato Grosso do Sul lidera o Brasil com 3,6 milhões de hectares em sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, mostrando caminhos distintos para o mesmo objetivo: aumentar produtividade no pasto.

Ceará implanta 494 unidades tecnológicas de forrageiras

O Programa Forrageiras do Ceará, conduzido pelo Sistema Faec/Senar, chegou a 494 Unidades Disseminadoras de Tecnologia até dezembro de 2025. A meta é atingir 2 mil unidades até 2026, abrangendo propriedades de pequenos e médios produtores.

Cada unidade ocupa cerca de 1 hectare e funciona como vitrine tecnológica. Produtores vizinhos visitam, técnicos demonstram manejo e resultados ficam visíveis no campo. Consequentemente, a adoção de práticas melhora por observação direta.

A iniciativa envolve parceria entre Governo do Ceará, Sebrae, Faec e Embrapa, com investimento de R$ 23 milhões. O foco é difundir forrageiras resistentes e produtivas adaptadas ao semiárido cearense.

O que são unidades disseminadoras de tecnologia

Uma Unidade Disseminadora de Tecnologia é uma área demonstrativa instalada em propriedade real, com acompanhamento técnico contínuo. Não é experimento acadêmico isolado, mas aplicação prática com resultados mensuráveis.

O modelo combina três elementos: implantação de forrageiras selecionadas, assistência técnica regular e dias de campo para multiplicar conhecimento. Além disso, capacita produtores e técnicos simultaneamente.

Diferente de palestras ou folders, a UDT mostra capim crescendo, gado ganhando peso e custos diminuindo. Portanto, a transferência de tecnologia acontece pelo exemplo concreto, não apenas pela teoria.

MS lidera em ILPF com 3,6 milhões de hectares

Mato Grosso do Sul adota estratégia diferente, mas igualmente eficaz. O estado lidera o Brasil em áreas com Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, somando mais de 3,6 milhões de hectares.

Esse sistema vai além das forrageiras, combinando culturas agrícolas, pastagens e componente florestal. Ademais, recupera pastagens degradadas, diversifica renda e reduz emissões de carbono.

Em maio de 2025, o Governo de MS firmou acordo de cooperação técnica com a Rede ILPF, abrangendo nove municípios. A parceria foca capacitação de técnicos, eventos de divulgação e linhas de crédito para produtores.

MS tem ainda 4,7 milhões de hectares passíveis de recuperação de pastagens degradadas. Programas como Carbono ATeG e ABC Cerrado apoiam produtores na adoção de práticas conservacionistas.

Comparação: escala versus diversificação

O Ceará aposta em unidades demonstrativas concentradas (494 hectares em UDTs) para multiplicar conhecimento rapidamente. O modelo funciona como “farol” tecnológico, irradiando práticas para propriedades vizinhas.

MS, por outro lado, já trabalha em escala territorial: 3,6 milhões de hectares em ILPF representam adoção massiva, não apenas demonstração. Contudo, o estado pode aprender com o modelo cearense na capilaridade da assistência técnica.

A diferença está no estágio: Ceará constrói vitrines para acelerar adoção; MS consolida sistemas integrados, mas enfrenta desafio de levar tecnologia aos 4,7 milhões de hectares degradados restantes.

Similarmente, ambos enfrentam gargalos comuns: assistência técnica insuficiente, crédito limitado e necessidade de capacitação contínua de produtores.

Do pasto ao bolso: impacto na produtividade

Pastagens bem manejadas aumentam lotação de 0,8 para 2,5 cabeças por hectare. Consequentemente, a mesma área produz três vezes mais arrobas, reduzindo custo por animal.

Forrageiras adaptadas ao clima local reduzem necessidade de suplementação. Além disso, sistemas integrados como ILPF diversificam renda: o produtor colhe grãos, vende madeira e engorda gado na mesma área.

A tecnologia funciona, mas depende de rotina. Não basta plantar capim melhor; é preciso ajustar lotação, fazer adubação de manutenção e monitorar altura de pastejo. Portanto, a transferência de conhecimento é tão importante quanto a semente.

O que MS pode adaptar do modelo cearense

A capilaridade das UDTs chama atenção: 494 vitrines espalhadas por municípios diferentes criam rede densa de demonstração. MS poderia replicar o modelo nas regiões de pastagens degradadas.

A articulação institucional também merece destaque. Governo estadual, Sebrae, federação rural e pesquisa trabalhando coordenados aceleram resultados. Paralelamente, a meta de 2 mil unidades até 2026 mostra ambição de escala.

MS já possui estrutura robusta com Agraer, Senar e Rede ILPF. Falta, talvez, multiplicar pontos de demonstração nos 4,7 milhões de hectares que aguardam recuperação.

Próximos passos

A produtividade no pasto não vem de evento único, mas de processo contínuo. Ceará aposta em vitrines multiplicadas; MS consolida sistemas integrados em escala territorial.

Ambos os caminhos funcionam. A questão é combinar o melhor dos dois: escala do ILPF de MS com capilaridade das UDTs do Ceará. Dessa forma, tecnologia sai do papel e vira arroba no bolso do produtor.

Última atualização em 21 de dezembro de 2025

Compartilhe este conteúdo: