Saúde MS: especialistas alertam sobre riscos da tadalafila como pré-treino e destacam importância da vacinação contra gripe

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Saúde MS: especialistas alertam sobre riscos da tadalafila como pré-treino e destacam importância da vacinação contra gripe

Uso indiscriminado do medicamento para disfunção erétil preocupa médicos, enquanto Campo Grande intensifica campanha de imunização em supermercados

Especialistas da área de saúde em Mato Grosso do Sul alertam para os riscos do uso indiscriminado da tadalafila como pré-treino em academias, enquanto a Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande intensifica a vacinação contra a gripe em supermercados nesta sexta-feira (2). Paralelamente, a falta de terapeutas ocupacionais deixa cerca de 700 autistas sem atendimento adequado na capital, e uma nova pesquisa da Fiocruz revela mecanismos que agravam as infecções por Covid-19, especialmente em pacientes com comorbidades como diabetes e hipertensão.

Tadalafila: de medicamento para disfunção erétil a pré-treino perigoso

O uso da tadalafila, medicamento desenvolvido para o tratamento da disfunção erétil, tornou-se uma prática preocupante entre frequentadores de academias que buscam melhorar o desempenho físico. Médicos e farmacêuticos alertam que essa utilização não tem respaldo científico e pode provocar sérios riscos à saúde, especialmente cardiovascular.

A tadalafila atua como inibidor da enzima PDE5, promovendo o relaxamento dos vasos sanguíneos e facilitando o fluxo de sangue para determinadas regiões do corpo. Embora seja relativamente segura quando utilizada sob supervisão médica para suas indicações aprovadas, o uso indiscriminado como pré-treino pode causar efeitos colaterais graves.

“As pessoas perdem a percepção de que este medicamento não é recreativo”, alerta o coordenador do curso de Farmácia da Universidade Presbiteriana Mackenzie. “Qualquer medicamento deve ser utilizado pela pessoa correta, no momento certo e da maneira correta.”

Entre os efeitos colaterais mais comuns estão dor de cabeça, dor nas costas, tontura, má digestão, vermelhidão no rosto, dor muscular e congestão nasal. Em casos mais graves, pode causar alterações na visão, audição ou batimentos cardíacos, além de queda brusca da pressão arterial.

O risco aumenta significativamente quando há interação com outros medicamentos, especialmente aqueles que contêm nitratos, como propatilnitrato, isossorbida, nitroglicerina e dinitrato de isossorbida, podendo causar uma queda perigosa da pressão arterial. A combinação com suplementos comuns no pré-treino, como cafeína e beta-alanina, também pode aumentar a sobrecarga cardiovascular.

Vacinação contra gripe intensificada em Campo Grande

A Prefeitura de Campo Grande mantém a vacinação contra a gripe nesta sexta-feira (2), mesmo sendo ponto facultativo nas repartições públicas municipais. A imunização estará disponível em dois supermercados da capital: Comper Tamandaré (Avenida Tamandaré, 635) e Fort Parati (Rua da Divisão, 1.208), das 9h às 15h.

A medida faz parte da estratégia emergencial para conter o avanço dos casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) na cidade, que está em situação de emergência desde o dia 26 de abril. A campanha continuará no fim de semana, com pontos de vacinação no Pátio Central Shopping no sábado (3), das 9h às 16h, e no Shopping Norte Sul Plaza no domingo (4), das 11h às 17h.

“A vacinação é uma das formas de prevenção que faz com que o nosso organismo produza anticorpos. Quando alguém tiver uma infecção, a doença será mais leve. A vacina não impede que tenhamos a gripe, mas evita muitos casos graves e, consequentemente, internações”, explica a secretária municipal de Saúde, Rosana Leite.

Para receber a dose, basta apresentar um documento pessoal com foto. A vacina está disponível para toda a população a partir de seis meses de idade.

Escassez de terapeutas ocupacionais afeta atendimento a autistas

Em Campo Grande, a AMA (Associação de Amigos do Autista) enfrenta sérias dificuldades para oferecer terapia ocupacional a cerca de 700 pacientes diagnosticados com TEA (Transtorno do Espectro Autista) devido à escassez de profissionais na cidade.

A presidente da AMA, Divina Márcia Rufino, relata que, desde 2020, passou a ter dificuldades para encontrar terapeutas ocupacionais disponíveis. “Até 2018 nós tínhamos esse profissional. Em 2019, tivemos cortes de recursos e precisamos dispensar todos. Quando, em 2020, a AMA voltou a contratar, percebemos a dificuldade. A partir de 2021, a situação ficou ainda mais complicada”, afirma.

A escassez é atribuída, em parte, à limitada oferta de cursos de formação nessa área. Dados do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO) revelam que o Brasil possui cerca de 17.500 terapeutas ocupacionais, resultando em uma média de 6,6 profissionais para cada 100 mil habitantes, número consideravelmente abaixo do recomendado pela Organização Mundial da Saúde.

A terapeuta ocupacional Gabriela Souza Lopes alerta para as consequências da ausência de acompanhamento adequado: “Podem surgir dificuldades nas habilidades de interação social, como iniciar e manter conversas, interpretar expressões faciais e entender normas sociais”. Outro ponto importante é o desenvolvimento de habilidades de autocuidado, como vestir-se, alimentar-se e manter a higiene pessoal.

Para tentar suprir essa demanda, a AMA buscou apoio de instituições de ensino para a abertura de cursos na área, resultando na criação de graduações em terapia ocupacional e fonoaudiologia na UEMS. A expectativa é que a formação de novos profissionais ajude a suprir a demanda em dois ou três anos.

Pesquisa revela mecanismo que agrava Covid-19

Um estudo recente da Fiocruz (Instituto Oswaldo Cruz), publicado na revista científica BMC Infectious Diseases, traz novas pistas sobre por que algumas pessoas desenvolvem casos graves de Covid-19, enquanto outras têm sintomas leves ou sequer percebem a infecção.

Analisando amostras de sangue de pacientes hospitalizados, os pesquisadores encontraram uma relação entre a gravidade da doença e o desequilíbrio no SRAA (sistema renina-angiotensina-aldosterona), responsável por regular a pressão arterial e a resposta inflamatória do corpo.

Segundo o estudo, pacientes idosos e com doenças como diabetes e hipertensão, já com funcionamento comprometido desse sistema, apresentam menos proteínas que atuam como receptores do SRAA, como ACE2 e MAS1. Isso pode explicar por que esses grupos são mais propensos a desenvolver quadros graves e têm maior risco de morte.

A equipe descobriu que, nos pacientes com quadros mais graves, vários desses receptores também apresentaram queda na expressão, o que compromete funções essenciais como a regulação da inflamação e da circulação sanguínea. Isso pode piorar os sintomas tanto na fase aguda quanto em casos prolongados, conhecidos como “covid longa”.

Outro ponto de destaque é que, mesmo 300 dias após o início dos sintomas, o sistema SRAA continuava desregulado nos pacientes analisados. Para os cientistas, isso pode indicar a persistência de efeitos do vírus no organismo por muito mais tempo do que se imaginava.

Perspectivas para a saúde pública em MS

Os desafios de saúde pública em Mato Grosso do Sul exigem ações coordenadas entre governo, instituições de ensino e sociedade civil. A intensificação da vacinação contra a gripe é um passo importante para reduzir a pressão sobre o sistema de saúde, enquanto a formação de novos profissionais em terapia ocupacional pode ajudar a suprir a demanda por atendimento especializado para autistas nos próximos anos.

Quanto ao uso indiscriminado de medicamentos como a tadalafila, especialistas reforçam a importância da educação em saúde e da conscientização sobre os riscos da automedicação. Já as descobertas sobre os mecanismos da Covid-19 podem contribuir para o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes e estratégias de prevenção direcionadas a grupos de risco.

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