

Santa Casa de Campo Grande suspende pronto atendimento por falta de insumos
Hospital mantém apenas serviços emergenciais específicos enquanto aguarda reposição de materiais essenciais
A Santa Casa de Campo Grande anunciou na noite de sexta-feira (10) a suspensão temporária dos atendimentos no Pronto Atendimento Adulto e Infantil devido à falta grave de insumos no centro cirúrgico. A medida, que começou a valer imediatamente após o comunicado oficial da Direção Técnica do hospital, mantém apenas o atendimento a pacientes já internados e casos emergenciais específicos, como neurocirurgias e infartos agudos do miocárdio.
Crise estrutural e financeira
A suspensão dos atendimentos representa o ápice de uma crise que se arrasta há meses. Em março, o hospital já enfrentava superlotação severa, com o pronto-socorro – projetado para 13 leitos – atendendo mais de 80 pacientes simultaneamente. O diretor técnico da instituição, William Leite Lemos, alertou na época sobre a situação caótica, com pacientes acumulados nos corredores e grave desabastecimento.
A crise financeira da Santa Casa tem múltiplas causas. O hospital enfrenta um déficit mensal significativo, agravado pelo aumento nas despesas com pessoal entre 2022 e 2024. Em março, médicos da instituição chegaram a registrar boletim de ocorrência denunciando condições precárias, destacando que aproximadamente 70 pacientes corriam risco iminente de morte ou sequelas graves devido à falta de materiais e condições adequadas de atendimento.
“A suspensão foi necessária por falta grave de insumos no centro cirúrgico, o que impede a realização de procedimentos”, explicou o diretor técnico William Leite Lemos. Ele também alertou para o risco de desassistência aos pacientes e para o potencial agravamento de quadros clínicos, inclusive com risco de morte, caso os atendimentos fossem mantidos nessas condições.
Atendimentos mantidos e restrições
Durante o período de suspensão, a Santa Casa manterá apenas atendimentos específicos:
- Para adultos: emergências de neurocirurgia e infarto agudo do miocárdio com supra de ST
- Para crianças: emergências de neurocirurgia e casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG)
Os pacientes que já estão internados ou em estado grave continuarão recebendo atendimento normalmente. A decisão segue orientações do Conselho Federal de Medicina (CFM) e visa garantir a segurança e qualidade no atendimento aos pacientes.
Medidas emergenciais e perspectivas
Em resposta à crise, o Governo do Estado anunciou em março o repasse de R$ 25 milhões para a Santa Casa, divididos em três parcelas de R$ 8,3 milhões, com a primeira prevista para 20 de abril. Adicionalmente, a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) comprometeu-se a adicionar R$ 1 milhão aos repasses mensais através de um novo aditivo contratual.
Durante reunião realizada em abril, o governador Eduardo Riedel cobrou uma mudança estrutural e no modelo de gestão da unidade de saúde. “Precisamos implementar um novo modelo de gestão e mudanças estruturais para que situações emergenciais deixem de ocorrer a cada dois meses”, afirmou o governador.
A Santa Casa informou que assim que houver reposição dos insumos e condições mínimas de segurança, os atendimentos serão retomados e um novo comunicado será divulgado. A suspensão foi comunicada às autoridades da saúde, como a Secretaria Municipal de Saúde, o Samu, o Ministério Público e o Conselho Regional de Medicina.
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