

MS reforça controle de fronteiras após fim da trégua entre PCC e Comando Vermelho
Secretário de Segurança confirma monitoramento 24 horas das rotas do tráfico e aumento de 61% nas apreensões de drogas em 2025
O Governo de Mato Grosso do Sul intensificou o monitoramento e controle das fronteiras após o fim da trégua entre as facções criminosas PCC (Primeiro Comando da Capital) e CV (Comando Vermelho). O secretário estadual de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, confirmou na segunda-feira (12) que o Centro Integrado de Inteligência do Centro-Oeste está em alerta máximo para acompanhar as movimentações dos grupos criminosos que utilizam as rodovias e o espaço aéreo do estado para o transporte de drogas.
Histórico da trégua e seu rompimento
A trégua entre as duas maiores organizações criminosas do país havia sido estabelecida em fevereiro de 2025, com o objetivo de reduzir conflitos e custos da guerra, mantendo os lucros com o tráfico de drogas. No entanto, apenas três meses depois, em 28 de abril, um comunicado conhecido como “Salve Geral” assinado pelo PCC anunciou o fim da aliança.
Segundo investigações do Ministério Público de São Paulo, o rompimento teria partido de Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, chefe do Comando Vermelho, que estaria detido no presídio de segurança máxima de Campo Grande. Especialistas apontam que diferenças estruturais entre as organizações contribuíram para o fracasso do acordo.
“Em suma, interesses territoriais de disputa por tráfico levaram a esse rompimento. Ninguém quer abrir mão do seu espaço”, explicou o promotor Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo.
Impactos na segurança de Mato Grosso do Sul
O fim da trégua entre as facções já tem gerado consequências diretas para a segurança pública em Mato Grosso do Sul, especialmente nas regiões de fronteira. Videira destacou que houve um aumento da violência no norte do estado, na divisa com Mato Grosso, onde o Comando Vermelho tem base e de onde sai grande quantidade de cocaína.
“Tivemos um aumento da violência no norte do Estado, na divisa com Mato Grosso, onde o Comando Vermelho tem base, e de onde sai muita cocaína. Nós reforçamos todo o policiamento, tivemos várias prisões, principalmente em Sonora. Há algumas disputas internas também. Estamos atentos e prontos para responder e agir preventivamente”, afirmou o secretário.
A cidade de Sonora, mencionada por Videira, já registrou sete assassinatos no ano passado, alguns deles por engano, em meio à guerra entre as facções. Além disso, a região sul do estado, particularmente Ponta Porã, continua sendo área de grande interesse para ambas as organizações criminosas.
Resultados do reforço na fiscalização e perspectivas
O aumento da vigilância nas fronteiras já apresenta resultados expressivos. Segundo Videira, Mato Grosso do Sul ultrapassou a marca de 160 toneladas de drogas apreendidas em 2025, sendo a maioria cocaína. O número representa um aumento de 61% em relação ao mesmo período de 2024.
A declaração foi dada durante a entrega de 33 novas viaturas ao Corpo de Bombeiros e à Polícia Penal, no Grupamento de Bombeiros Militar, no Parque dos Poderes, em Campo Grande, demonstrando o investimento contínuo do estado em segurança pública.
Para a doutora em Psicologia e pesquisadora na área de crime organizado, Mônica Leimgruber, a população das regiões de fronteira deve redobrar os cuidados. “Toda pessoa que mora em faixa de fronteira precisa de cuidados maiores ao lidar com as outras pessoas e nos lugares que frequenta. Pode a qualquer momento ela ser a pessoa errada no lugar errado”, alertou.
As autoridades de segurança pública de Mato Grosso do Sul continuarão monitorando a situação e adaptando suas estratégias conforme a evolução do cenário. O foco permanece na prevenção de crimes e na proteção da população, especialmente nas áreas mais vulneráveis à atuação das facções criminosas.
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