Crimes de ódio na internet: 4 adolescentes são apreendidos em operação nacional

Adolescentes apreendidos por crimes de ódio na internet

Crimes de ódio na internet: 4 adolescentes são apreendidos em operação nacional

Ação policial em MS e outros estados combate aliciamento digital e violência virtual

A Polícia Civil apreendeu cinco adolescentes durante a segunda fase da Operação “Adolescência Segura”, realizada nesta quarta-feira (14/05/2025) em Campo Grande e outros estados brasileiros. A ação, coordenada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, visa desarticular uma célula criminosa especializada em crimes de ódio na internet que aliciava e incentivava menores a praticar violência no ambiente virtual.

Detalhes da operação

A segunda fase da operação “Adolescência Segura” foi deflagrada simultaneamente em diversos estados, incluindo Mato Grosso do Sul, onde um adolescente foi apreendido em Campo Grande. O jovem é apontado como integrante de uma organização criminosa que atuava no ambiente digital.

De acordo com a Polícia Civil de MS, por meio do Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado), foram cumpridos cinco mandados de internação provisória e um de busca e apreensão em todo o país. Os mandados foram expedidos pela Vara da Infância e Juventude do Rio de Janeiro.

Os alvos da operação são adolescentes identificados como líderes ou membros ativos do grupo criminoso, que vinha sendo monitorado desde a primeira fase da operação, realizada em 15 de abril deste ano. Na etapa anterior, os agentes desativaram servidores e canais digitais utilizados para disseminar conteúdos violentos.

A ação contou com o apoio técnico do Laboratório de Operações Cibernéticas e a participação das Polícias Civis de Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso do Sul.

Crimes investigados

O grupo criminoso é acusado de praticar diversos crimes graves no ambiente virtual, tendo como principais alvos crianças e adolescentes. Entre os crimes investigados estão:

  • Tentativa de homicídio
  • Induzimento e instigação ao suicídio
  • Incentivo à automutilação
  • Armazenamento e divulgação de pornografia infantil
  • Maus-tratos a animais
  • Apologia ao nazismo

Segundo as investigações, os criminosos utilizavam plataformas criptografadas como Discord e Telegram para promover desafios e competições de crimes de ódio. Os integrantes desses grupos, conhecidos como “paneleiros”, viam na violência uma forma sádica de diversão.

A investigação revelou que os administradores do grupo manipulavam psicologicamente crianças e adolescentes, aliciando-os para a prática de violência. Como estímulo, ofereciam recompensas internas para aqueles que se destacassem nas atividades criminosas.

Histórico da investigação

As investigações da Operação “Adolescência Segura” começaram em fevereiro de 2025, após um caso chocante: um morador em situação de rua foi atacado por um adolescente e teve 70% do corpo queimado. O ataque foi filmado e transmitido em tempo real pela internet para cerca de 220 pessoas.

Após esse episódio, a Polícia Civil descobriu que o crime não era um fato isolado. Por meio de monitoramento e cruzamento de dados, os investigadores identificaram uma organização criminosa altamente especializada em crimes cibernéticos, tendo como principais alvos crianças e adolescentes.

Um dado alarmante revelado durante as investigações é que um adolescente de 14 anos, morador de Campo Grande, era apontado como um dos “chefes” do grupo criminoso. Ele tinha pelo menos quatro subordinados, também suspeitos e moradores de Mato Grosso do Sul.

A atuação do grupo era tão significativa no cenário virtual que chamou a atenção de duas agências independentes dos Estados Unidos, que emitiram relatórios sobre os fatos e contribuíram com o trabalho dos policiais civis envolvidos no caso.

Impacto e prevenção

Os crimes praticados pelo grupo têm causado impactos devastadores. Segundo dados levantados pelo Instituto Dimicuida e utilizados pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, pelo menos 56 adolescentes morreram ou ficaram feridos em decorrência de desafios virtuais desde 2014.

Especialistas alertam que a migração dos grupos extremistas para a “superfície” da internet se intensificou nos últimos anos. “Hoje não precisa mais buscar por conteúdo extremista; chega na palma da mão”, destacam pesquisadores que estudam o tema.

Entre os adolescentes mais suscetíveis às investidas dos extremistas estão os da comunidade gamer e aqueles que se veem cativados por promessas de que a violência apagará frustrações cotidianas. A cooptação geralmente começa em redes mais abertas e as interações se radicalizam ao chegar em ambientes privados.

Para combater esse tipo de crime, especialistas recomendam maior interface entre escolas e polícia, especialização dos investigadores e atuação mais proativa das plataformas digitais. Além disso, é fundamental que os pais monitorem as atividades online de seus filhos e mantenham um diálogo aberto sobre os perigos da internet.

As autoridades continuarão monitorando as redes sociais e aplicativos de mensagens em busca de outros envolvidos nesse tipo de crime, visando proteger crianças e adolescentes do aliciamento digital e da violência virtual.

Última atualização: 14 de maio de 2025

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