

Tarifas de 50% dos EUA paralisam mercado pecuário e frigoríficos colocam funcionários em férias
Ameaça de sobretaxa americana trava exportações e gera reação imediata no setor que movimenta R$ 60 bilhões anuais
A ameaça de imposição de tarifas de 50% pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros travou o mercado pecuário nacional nesta semana. Frigoríficos já alongaram escalas de abate e algumas unidades colocaram funcionários em férias coletivas antecipadas, segundo levantamento da Scot Consultoria divulgado hoje. A medida atinge diretamente uma cadeia que movimenta R$ 60 bilhões anuais e emprega mais de 1,8 milhão de pessoas no país.
Reação imediata do setor produtivo
As empresas frigoríficas adotaram medidas preventivas diante da incerteza comercial. Plantas industriais reduziram o ritmo de processamento e algumas unidades anteciparam as férias coletivas programadas para dezembro.
A Scot Consultoria confirmou que pelo menos cinco grandes frigoríficos já comunicaram ajustes operacionais. “O setor está adotando uma postura defensiva enquanto aguarda definições sobre as negociações comerciais”, explica um analista da consultoria.
Além disso, negociações de contratos futuros foram suspensas temporariamente, criando um cenário de espera no mercado. Produtores relatam dificuldades para fechar vendas com preços fixos, preferindo aguardar maior clareza sobre o destino das exportações.
Contexto das relações comerciais Brasil-EUA
Os Estados Unidos representam o terceiro maior destino das exportações brasileiras de carne bovina, absorvendo aproximadamente 180 mil toneladas anuais. O valor movimentado supera US$ 1,2 bilhão, tornando qualquer alteração tarifária significativa para o setor.
A possível sobretaxa de 50% tornaria a proteína brasileira menos competitiva no mercado americano, forçando uma redirecionamento para outros destinos. China e União Europeia surgem como alternativas, porém com capacidade limitada de absorção imediata.
“Uma tarifa dessa magnitude praticamente inviabiliza as exportações para os EUA. O setor precisará buscar rapidamente novos mercados”, afirma um especialista em comércio exterior do agronegócio.
Impacto nos preços e perspectivas regionais
Mato Grosso do Sul, maior rebanho comercial do país com 13,2 milhões de cabeças, sente diretamente os reflexos da incerteza. O estado responde por 15% das exportações nacionais de carne bovina, com forte dependência do mercado externo.
Produtores sul-mato-grossenses já reportam queda de 3% a 5% nos preços da arroba do boi gordo desde o anúncio da possível medida americana. A expectativa é que essa pressão se intensifique caso as tarifas sejam efetivamente implementadas.
Contudo, especialistas apontam que o mercado interno pode absorver parte da produção redirecionada. O consumo doméstico de carne bovina cresceu 2,8% no último trimestre, sinalizando demanda aquecida.
A Federação da Agricultura de Mato Grosso do Sul (Famasul) articula junto ao governo federal medidas para mitigar os impactos. Entre as propostas está a aceleração de acordos comerciais com novos parceiros e incentivos à diversificação de destinos de exportação.
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