Enquete revela percepção pública sobre nova faixa de isenção, que só beneficia diretamente quem recebe até dois salários mínimos

Uma enquete realizada pelo Campo Grande News aponta que 64% dos leitores acreditam que a recente mudança na tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) não terá impacto direto sobre seus salários. O levantamento, divulgado nesta sexta-feira (3), reflete a percepção do público diante das alterações promovidas pelo governo federal, que ampliaram a faixa de isenção para quem recebe até R$ 3.036 mensais, o equivalente a dois salários mínimos atualizados.

Contexto e detalhamento da mudança no IRPF

A nova tabela do Imposto de Renda entrou em vigor em 1º de maio de 2025, por meio de medida provisória, e estabelece isenção para contribuintes que recebem até R$ 3.036 por mês. Para quem ultrapassa esse valor, a tributação segue uma tabela progressiva, com alíquotas que chegam a 27,5% para rendas acima de R$ 4.664,68 mensais.

Apesar da expectativa gerada em torno da reforma, o efeito prático da medida só será sentido no próximo ciclo de declaração, em 2026, referente ao ano-base 2025. Segundo a Receita Federal, a mudança busca aliviar a carga tributária dos trabalhadores de menor renda, mas, na prática, a maioria dos contribuintes que respondeu à enquete continuará pagando imposto normalmente.

Além disso, 21% dos participantes ainda não sabem como a alteração pode afetá-los, enquanto apenas 15% afirmam que estarão isentos do IR no próximo ano, reforçando o alcance limitado da mudança para a população economicamente ativa.

Análise e impactos imediatos

Especialistas em tributação destacam que, embora a ampliação da faixa de isenção seja positiva para quem recebe até dois salários mínimos, o impacto é restrito a uma parcela minoritária dos contribuintes. A maior parte dos trabalhadores formais, especialmente aqueles da classe média, permanece tributada nas faixas superiores, sem mudanças significativas na carga fiscal.

A proposta mais ampla de isenção para quem ganha até R$ 5 mil mensais ainda tramita no Congresso Nacional e, se aprovada, só deverá vigorar a partir de 2026. Enquanto isso, a atualização anual da tabela, vinculada ao reajuste do salário mínimo, tende a ter efeito limitado diante da inflação e do crescimento dos rendimentos médios no país.

Possíveis desdobramentos e perspectivas

A percepção de que a mudança no IRPF não trará impacto para a maioria dos contribuintes pode influenciar o debate público sobre a necessidade de uma reforma tributária mais ampla e efetiva. A expectativa é que futuras alterações, como o projeto que amplia a isenção para R$ 5 mil, tragam benefícios para um número maior de brasileiros, especialmente da classe média.

Enquanto isso, o prazo para entrega da declaração do IRPF 2025 segue até 30 de maio, com restituições previstas em cinco lotes, de maio a setembro. A orientação de especialistas é que os contribuintes acompanhem as mudanças e busquem informações atualizadas para avaliar corretamente o impacto das novas regras em sua situação fiscal.