

MS registra dois tremores de terra em menos de 24h; maior abalo do ano passa despercebido
Sonora teve sismos de 3.5 e 2.1 na escala Richter, enquanto estudo prevê tremores mais fortes no Pantanal entre 2028 e 2029
Mato Grosso do Sul registrou dois tremores de terra em menos de 24 horas, ambos com epicentro próximo ao município de Sonora, a cerca de 360 quilômetros de Campo Grande. O primeiro abalo ocorreu às 23h41 de segunda-feira (12) com magnitude de 3.5 na escala Richter, sendo considerado o mais forte do ano no estado e o segundo mais intenso no país em 2025. O segundo tremor aconteceu às 8h20 de terça-feira (13), com magnitude de 2.1. Apesar da intensidade, moradores relatam não ter sentido os abalos.
Nono tremor em MS apenas em 2025
Com os dois eventos sísmicos registrados em Sonora, Mato Grosso do Sul já contabiliza nove tremores de terra apenas nos primeiros cinco meses de 2025, tornando este o ano com maior atividade sísmica no estado desde 1998, quando o monitoramento sistemático começou. Os abalos anteriores foram registrados em Miranda (1.6 mR, em 28 de abril), Rio Negro (2.0 mR, em 26 de abril), Bonito (19 de abril), Ponta Porã (28 de março), Corumbá (21 de março), Ponta Porã novamente (14 de março) e Sonora (5 de março).
Apesar dos registros oficiais feitos pelo Centro de Sismologia da USP e pela Rede Sismográfica Brasileira, os moradores de Sonora afirmam não ter percebido nada fora do normal. Elânia da Silva, de 43 anos, dona de um salão de beleza na cidade, relatou: “Não senti nada, já estava dormindo nesse horário. De manhã, também não percebi. Meu filho estava acordado, mas também não sentiu. Aqui ninguém comentou nada, e olha que eu conheço bastante gente. Nunca teve nada assim por aqui.”
Região pantaneira é sismicamente ativa
A professora e doutora da Faculdade de Engenharia, Arquitetura e Urbanismo e Geografia da UFMS, Edna Maria Facincani, explica que os eventos ocorreram dentro da bacia sedimentar do Pantanal, uma área considerada sismicamente ativa.
“Existe ali uma bacia sismicamente ativa com acúmulo de sedimentos que está em processo de subsidência (afundamento). Além disso, a superfície sofre influência do Lineamento Transbrasiliano (uma falha geológica) e do movimento de compressão da placa tectônica de Nasca e da placa tectônica Sul-Americana”, esclarece a especialista.
Segundo Facincani, tremores de magnitude até 3.5 são comuns na região e raramente causam danos estruturais. “Para que haja prejuízos estruturais, é necessário que o epicentro esteja muito próximo da superfície e a magnitude seja superior. No caso de hoje, são abalos sentidos com pouca intensidade ou mesmo imperceptíveis”, afirma.
Previsão de tremores mais fortes até 2029
Um estudo conduzido pela UFMS, que monitora a atividade sísmica na região desde 2003, prevê a ocorrência de tremores mais fortes, com magnitudes acima de 4.0, entre 2028 e 2029 no Pantanal. Esta previsão baseia-se em dados estatísticos que indicam a ocorrência de eventos de maior intensidade a cada quatro ou cinco anos na região.
“As estatísticas mostram que de quatro em quatro ou de cinco em cinco anos, temos eventos mais fortes nessa região”, explica Edna Facincani. Em 2009, um sismo de magnitude 4.8 foi registrado na Nhecolândia, região do Pantanal sul-mato-grossense. Em 2015, outro abalo atingiu a mesma área com magnitude 4.0. O mais recente evento de maior intensidade ocorreu em 1º de março de 2023, em Poconé, no Pantanal mato-grossense, com magnitude 4.5.
A geóloga tranquiliza a população quanto aos riscos: “A estatística tem mostrado que a gente precisa de um pouco mais de cuidado se superar os 5.5. Abaixo disso, são eventos naturais e eventos corriqueiros dentro dessa região do nosso estado.”
O aumento no número de registros sísmicos nos últimos anos deve-se principalmente à maior quantidade de estações sismográficas instaladas na região desde 2003, em parceria entre a UFMS e o Instituto de Geofísica da Universidade de São Paulo (USP), permitindo uma detecção mais precisa dos eventos.
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