Casa Branca republica imagem de Trump vestido como papa e gera onda de indignação global

Casa Branca republica imagem de Trump vestido como papa gerada por IA e provoca indignação global dias antes do conclave que elegerá novo pontífice.

Casa Branca republica imagem de Trump vestido como papa e gera onda de indignação global

Perfis oficiais do governo americano compartilharam foto gerada por IA dias após o funeral de Francisco e às vésperas do conclave que elegerá novo pontífice

A Casa Branca provocou uma onda de indignação internacional ao republicar em seus perfis oficiais no X (antigo Twitter) e Instagram uma imagem gerada por inteligência artificial que mostra o presidente Donald Trump vestido como papa. A foto, originalmente compartilhada por Trump em sua rede social Truth Social na sexta-feira (2), foi amplificada pelos canais oficiais do governo americano horas depois, intensificando a controvérsia em um momento delicado para a Igreja Católica, poucos dias após o funeral do Papa Francisco e às vésperas do conclave que elegerá seu sucessor.

Contexto e detalhes da polêmica

A imagem mostra Trump sentado em uma poltrona ornamentada, vestindo a tradicional batina papal branca, usando a mitra (chapéu cerimonial) e um crucifixo dourado no pescoço. Na foto, o presidente americano aparece com o dedo indicador direito apontado para o céu, em um gesto que remete a bênçãos papais. Segundo análises técnicas, há 99,9% de chance de a imagem ter sido criada por inteligência artificial.

A publicação surge dias após Trump ter brincado com jornalistas sobre a sucessão papal. Quando questionado sobre suas preferências para o próximo pontífice, o presidente americano respondeu: “Eu gostaria de ser papa. Essa seria minha primeira escolha”. Na ocasião, ele também mencionou o cardeal Timothy Dolan, de Nova York, como um “muito bom” candidato.

A decisão da Casa Branca de republicar o conteúdo em seus canais oficiais elevou significativamente o alcance e o impacto da imagem, transformando o que poderia ser apenas uma postagem pessoal controversa em uma comunicação oficial do governo americano. Até o momento, nem a Casa Branca nem o porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, ofereceram comentários oficiais sobre o episódio.

Reações e críticas à publicação

A imagem gerou reações imediatas e contundentes nas redes sociais e entre líderes religiosos. A Conferência Católica do estado de Nova York manifestou-se no X: “Não há nada inteligente ou divertido nessa imagem, Senhor Presidente. Acabamos de enterrar nosso amado papa Francisco, e os cardeais estão prestes a entrar em um conclave solene para eleger um novo sucessor de São Pedro. Não debochem de nós”.

Um grupo de republicanos anti-Trump, que se descreve como “conservadores pró-democracia contra o trumpismo”, classificou a publicação como “um insulto flagrante aos católicos e uma zombaria de sua fé”. Nas redes sociais, usuários expressaram indignação com comentários como “Trump está literalmente zombando do mundo cristão” e “considero sua postagem completamente desrespeitosa com a comunidade católica mundial”.

A controvérsia é ampliada pelo momento: Francisco faleceu aos 88 anos no último dia 21 de abril, e o conclave para escolher seu sucessor está marcado para começar em 7 de maio, com a participação de 133 cardeais eleitores.

Implicações e desdobramentos

O episódio levanta questões sobre os limites do uso de inteligência artificial para criar imagens de figuras públicas em contextos religiosos e sobre a responsabilidade institucional na divulgação desse tipo de conteúdo. Especialistas em comunicação política apontam que a republicação pela Casa Branca pode representar uma nova abordagem que abraça a cultura dos memes e da controvérsia, mas que também arrisca alienar grupos religiosos importantes.

Para a comunidade católica americana, que representa uma minoria religiosa significativa nos EUA, a imagem foi recebida como particularmente insensível durante um período de luto pelo falecido pontífice. A proximidade com o conclave, considerado um dos momentos mais solenes e importantes para a Igreja Católica, intensificou a percepção de desrespeito.

O Vaticano mantém silêncio oficial sobre o assunto, enquanto se prepara para o início do processo de escolha do novo líder da Igreja Católica, que começa na próxima quarta-feira (7).

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