Cofre com milhares em dinheiro: PF encontra fortuna em apartamento vazio

PF encontra cofre com milhares em dinheiro em apartamento vazio na Rua das Garças durante operação que investiga fraudes milionárias na Educação de MS.

Cofre com milhares em dinheiro: PF encontra fortuna em apartamento vazio

Operação Vox Veritatis investiga fraudes milionárias na Secretaria de Educação de MS

A Polícia Federal encontrou um cofre repleto de dinheiro em um apartamento desocupado no Edifício Hannover, na Rua das Garças, Centro de Campo Grande, durante a Operação Vox Veritatis nesta quarta-feira (21/05). A ação investiga um esquema de corrupção na gestão anterior da Secretaria de Educação de Mato Grosso do Sul (SED-MS), com contratos fraudulentos que podem ultrapassar R$ 20 milhões.

Detalhes da descoberta no apartamento vazio

Os agentes da Polícia Federal chegaram ao edifício nas primeiras horas da manhã para cumprir um dos nove mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça. No apartamento, que estava completamente vazio e aparentemente sem moradores, os investigadores localizaram um cofre contendo “milhares de reais”, segundo fontes da operação.

“O apartamento parecia ser utilizado apenas como local de armazenamento do dinheiro, uma espécie de ‘caixa-forte’ do esquema”, revelou um agente que participou da operação e pediu para não ser identificado. A quantia exata encontrada no cofre ainda não foi divulgada oficialmente.

As imagens obtidas pela reportagem mostram viaturas da Polícia Federal estacionadas em frente ao edifício durante toda a manhã. Moradores do prédio, surpreendidos com a operação, relataram que raramente viam movimento no apartamento em questão.

“Quase nunca víamos alguém entrar ou sair dali. Na verdade, muitos pensavam que o apartamento estava desocupado há meses”, comentou um morador que preferiu não se identificar.

Contexto da Operação Vox Veritatis

A operação deflagrada hoje é um desdobramento de investigações anteriores, as operações “Mineração de Ouro” e “Terceirização de Ouro”, realizadas em 2021 e 2022, respectivamente. Todas apuram desvios de recursos públicos federais destinados à educação em Mato Grosso do Sul.

Além do apartamento no Centro de Campo Grande, os agentes cumpriram outros oito mandados de busca e apreensão em endereços localizados em Mato Grosso do Sul e no Rio de Janeiro. A operação envolve uma força-tarefa composta pela Polícia Federal, Controladoria-Geral da União (CGU) e Receita Federal.

O nome “Vox Veritatis”, expressão latina que significa “voz da verdade”, foi escolhido para simbolizar o papel das instituições na revelação de fraudes que desviaram verbas da educação pública. A investigação busca desmantelar um esquema sofisticado que operava há anos.

Como funcionava o esquema de corrupção

De acordo com as investigações, empresários atuavam em conluio com servidores da SED-MS para manipular o processo de adesão a atas de registro de preços de outros órgãos públicos. Este mecanismo, conhecido como “carona” em licitações, é legal quando utilizado corretamente, mas foi desvirtuado pelos investigados.

Os contratos eram fechados com valores superfaturados, garantindo o repasse de comissões de 5% sobre o montante total aos intermediários do esquema. Posteriormente, essa comissão era dividida entre os empresários e os servidores públicos envolvidos na fraude.

“O dinheiro encontrado no cofre pode ser justamente parte dessas comissões ilícitas”, explicou uma fonte ligada à investigação. “A utilização de um apartamento vazio demonstra a preocupação em ocultar os valores obtidos ilegalmente.”

Apenas dois dos contratos sob investigação somam mais de R$ 20 milhões, valor que pode aumentar significativamente com o avanço das diligências. As autoridades acreditam que o esquema pode ter operado por vários anos, desviando recursos que deveriam ser aplicados na educação pública sul-mato-grossense.

Desdobramentos e posicionamentos

Os alvos da operação podem responder por crimes graves, incluindo peculato (desvio de recursos públicos por funcionário), corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e crimes relacionados a licitações. As penas somadas podem ultrapassar 30 anos de prisão, dependendo da participação de cada investigado.

A reportagem entrou em contato com o atual secretário de Educação em MS, Hélio Daher, que informou não ter conhecimento sobre a operação realizada nesta manhã. É importante ressaltar que a investigação foca na gestão anterior da secretaria.

Com o material apreendido hoje, incluindo o dinheiro encontrado no cofre, as autoridades darão continuidade às investigações, analisando documentos, extratos bancários e comunicações entre os suspeitos. A expectativa é que novas fases da operação sejam deflagradas nos próximos meses, possivelmente com a prisão dos principais envolvidos.

“O trabalho está apenas começando. A análise do material apreendido certamente trará novos elementos e poderá ampliar o escopo da investigação”, afirmou uma fonte da Polícia Federal. “Nosso objetivo é identificar todos os envolvidos e recuperar os recursos desviados.”


Última atualização: 21 de maio de 2025, 11:15h

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