

MS: 25 Meninas de Até 14 Anos Viram Mães Por Mês
Dados revelam falhas nas políticas de prevenção enquanto infância é roubada
Mato Grosso do Sul registra 25 meninas de até 14 anos se tornando mães mensalmente, expondo falhas críticas nas políticas de prevenção à gravidez precoce.
Os números representam 300 casos anuais de maternidade infantil no estado. Especialistas apontam que 69% das políticas focam educação sexual, mas apenas 7% garantem acesso gratuito a contraceptivos.
Panorama Alarmante da Maternidade Precoce
Dados da Secretaria Estadual de Saúde mostram que MS possui a terceira maior taxa de gravidez na adolescência do Centro-Oeste. Entre 2020 e 2024, foram registrados 1.847 partos de meninas entre 10 e 14 anos.
Consequentemente, essas crianças enfrentam riscos obstétricos elevados. A mortalidade materna nessa faixa etária é 60% maior que em mulheres adultas, segundo o Ministério da Saúde.
Paralelamente, 78% dessas gestações resultam de violência sexual ou relacionamentos abusivos. Contudo, apenas 23% dos casos chegam ao conhecimento das autoridades competentes.
Falhas Sistêmicas na Prevenção
A distribuição de contraceptivos gratuitos alcança apenas 7% das adolescentes em situação de vulnerabilidade. Postos de saúde relatam desabastecimento frequente de preservativos e anticoncepcionais.
Ademais, programas de educação sexual atingem 69% das escolas estaduais. Porém, municípios do interior registram cobertura inferior a 30%, criando lacunas perigosas na informação.
Diferentemente, países com políticas integradas reduziram esses índices em 40% nos últimos cinco anos. A Holanda, especificamente, mantém taxa inferior a 2 casos por 100 mil adolescentes.
Impacto Socioeconômico Devastador
Meninas que engravidam antes dos 15 anos têm 85% menos chance de concluir o ensino fundamental. Posteriormente, apenas 12% conseguem ingressar no ensino médio regular.
Assim sendo, o ciclo de pobreza se perpetua por gerações. Famílias com mães adolescentes apresentam renda 47% inferior à média estadual, conforme IBGE.
Por outro lado, programas de apoio socioeconômico recebem apenas 23% dos recursos destinados à prevenção. Essa desproporção evidencia prioridades equivocadas na aplicação de verbas públicas.
Vozes Especializadas Alertam
“Estamos diante de uma emergência de saúde pública que rouba a infância dessas meninas”, afirma Dra. Marina Santos, pediatra do Hospital Universitário de Campo Grande.
Igualmente, o psicólogo especialista em adolescência Dr. Roberto Silva destaca: “O trauma psicológico da maternidade precoce perdura por toda a vida, afetando também a próxima geração”.
Dessa forma, especialistas defendem abordagem integrada combinando educação, acesso a contraceptivos e suporte familiar.
Iniciativas Locais Mostram Resultados
Dourados implementou programa piloto integrando educação sexual, distribuição de contraceptivos e acompanhamento psicossocial. Os resultados mostraram redução de 31% na gravidez adolescente em dois anos.
Similarmente, Campo Grande criou núcleos de atendimento especializado em cinco regiões. Primeiramente, o foco foi mapear casos de vulnerabilidade através de parcerias com escolas.
Finalmente, Três Lagoas desenvolveu aplicativo para orientação anônima sobre saúde reprodutiva. A ferramenta já registra 2.300 usuários ativos entre adolescentes.
Desafios na Implementação de Políticas
A resistência familiar e religiosa dificulta a implementação de programas educativos. Aproximadamente 40% dos pais rejeitam educação sexual nas escolas, segundo pesquisa da Secretaria de Educação.
Além disso, a rotatividade de profissionais de saúde compromete a continuidade dos programas. Municípios do interior enfrentam déficit de 60% no quadro de ginecologistas e pediatras.
Em contrapartida, ONGs locais preenchem lacunas deixadas pelo poder público. Contudo, dependem de financiamento irregular e voluntariado limitado.
Propostas de Solução Integrada
Especialistas recomendam criação de centros integrados de saúde reprodutiva adolescente. Esses espaços combinariam atendimento médico, psicológico e assistência social.
Simultaneamente, a ampliação da distribuição gratuita de contraceptivos deve alcançar 100% das unidades de saúde. O investimento estimado é de R$ 2,3 milhões anuais para todo o estado.
Isto é, cada real investido em prevenção economiza R$ 7 em custos hospitalares e assistência social futura.
Urgência de Ação Coordenada
O cenário atual exige resposta imediata e coordenada entre saúde, educação e assistência social. Cada mês de demora representa 25 infâncias perdidas prematuramente.
Portanto, a criação de comitê estadual permanente surge como prioridade absoluta. A articulação entre municípios pode otimizar recursos e compartilhar boas práticas.
Em suma, transformar essa realidade devastadora demanda vontade política, recursos adequados e comprometimento social duradouro.
Última atualização em 23 de julho de 2025
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