

Vagas hospitalares: 4 crianças graves aguardam leitos em CG
Menino com meningite e bebês com bronquiolite esperam transferência há dias
Quatro crianças em estado grave aguardam vagas hospitalares em Campo Grande, incluindo um menino de 4 anos com meningite isolado na UPA Coronel Antonino desde sábado.
Casos críticos aguardam transferência urgente
Amanda Matos acompanha o filho de 4 anos diagnosticado com meningite na UPA Coronel Antonino desde sábado (24). O menino precisa fazer exames específicos para identificar o tipo da doença e iniciar tratamento direcionado, procedimento disponível apenas em ambiente hospitalar.
“Isso não é possível fazer aqui, é só em hospital, segundo os médicos”, explica a consultora de vendas. Além disso, houve confusão com o formulário de pedido de vaga, contribuindo para maior demora na transferência.
No CRS Tiradentes, a auxiliar de cozinha Katiele da Silva acompanha a filha de 1 mês e 6 dias com bronquiolite e icterícia preocupante. A bebê está no local desde sexta-feira (23) aguardando vaga de internação.
Outros três recém-nascidos também esperam
Além da filha de Katiele, outros três recém-nascidos aguardam vagas no mesmo local, todos com bronquiolite. Uma das bebês foi entubada devido ao quadro grave e necessita de internação hospitalar com urgência.
“Não é fácil, estou com dor de cabeça e não consigo dormir”, desabafa Katiele. A auxiliar tem outros quatro filhos cuidados pela família enquanto permanece no CRS com a caçula.
Consequentemente, a área vermelha do CRS Tiradentes concentra múltiplos casos pediátricos graves aguardando transferência. A situação evidencia a pressão sobre as unidades de pronto atendimento da capital.
Crise se agrava desde abril com surto respiratório
Campo Grande enfrenta superlotação nas unidades de saúde desde abril devido ao aumento de doenças respiratórias. A prefeitura decretou situação de emergência na saúde por 90 dias em 26 de abril, quando 206 pessoas aguardavam leitos hospitalares.
Dados oficiais mostram que 1.048 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave foram registrados em uma semana, sendo 45,99% em crianças abaixo de quatro anos. O aumento representa alta de 125% dos casos respiratórios em abril comparado a fevereiro.
Além disso, o Ministério Público instaurou ação civil pública após a morte de duas crianças durante o processo de regulação hospitalar. Entre 14 e 24 de abril, 136 crianças esperaram mais de 24 horas por leitos de internação.
Déficit estrutural de 500 leitos na capital
Campo Grande possui atualmente 1.753 leitos para pacientes do SUS e mais 1.276 para a rede particular. Contudo, a secretária municipal de Saúde, Rosana Leite, calcula que seriam necessários pelo menos mais 500 leitos públicos.
A cidade conta com média de 1,5 leitos públicos para cada mil habitantes, abaixo do recomendado pela OMS (3 a 5 leitos por mil habitantes). Para suprir a demanda, seriam necessários dois hospitais nos moldes do projeto municipal em desenvolvimento.
Portanto, a crise atual expõe deficiências estruturais crônicas do sistema de saúde local. A construção do Hospital Municipal e ampliação do Hospital Regional são as principais apostas para reduzir o déficit.
Resposta das autoridades de saúde
A Secretaria Municipal de Saúde foi questionada sobre previsão para garantir as vagas para o menino e as bebês. Em resposta, informou que está verificando os casos específicos relatados.
A Santa Casa de Campo Grande anunciou restrição temporária dos atendimentos pediátricos devido à superlotação na área vermelha. O hospital possui apenas três leitos pediátricos disponíveis, com cinco pacientes intubados no momento.
Ademais, o Governo do Estado repassou R$ 25 milhões à Santa Casa em abril para ampliar atendimento e garantir compra de insumos. Os recursos visam aliviar a pressão sobre o maior hospital público do estado.
Última atualização: 28 de maio de 2025
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